Escândalo na Educação leva à queda de Milton Ribeiro

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Publicado Segunda, 28 de Março de 2022 às 11:33, por: CdB

Ribeiro, em conversa com Bolsonaro na véspera, disse estar disposto a entregar o cargo para evitar mais danos à sua campanha eleitoral. O presidente teria, assim, decidido aceitar o pedido de exoneração do ministro e, de acordo com interlocutores, ele deve deixar o cargo ainda nesta semana.

Por Redação - de Brasília Ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro estaria para ser afastado do cargo nas próximas horas, segundo apurações de colunistas da mídia conservadora. O peso do envolvimento de Ribeiro no escândalo que assola o governo de Jair Bolsonaro (PL) aumentou, substancialmente, tornando-se algo decisivo para sua substituição.
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Milton Ribeiro, ministro da Educação, esteve no centro de um escândalo de corrupção
Ribeiro, em conversa com Bolsonaro na véspera, disse estar disposto a entregar o cargo para evitar mais danos à sua campanha eleitoral. O presidente teria, assim, decidido aceitar o pedido de exoneração do ministro e, de acordo com interlocutores, ele deve deixar o cargo ainda nesta semana. A decisão de Bolsonaro pela saída do ministro, no entanto, poderá ser anunciada ainda nesta segunda-feira, segundo interlocutores próximos ao presidente. No lugar de Milton Ribeiro, interinamente, deverá assumir o secretário-executivo, Victor Godoy Veiga. Circula nas redes sociais, porém, a versão de que o substituto será Garigham Amarante, diretor de Ações Educacionais do FNDE. Estado laico Para o correspondente do Correio do Brasil na Europa, o jornalista Rui Martins, que é evangélico “a questão vai mais longe porque envolve também o presidente Jair Bolsonaro; segundo a gravação da reunião do ministro Milton Ribeiro com prefeitos e com seus dois indevidos auxiliares, a criação desse gabinete paralelo, com os pastores Gilmar Silva Santos e Airton Moura, da denominação evangélica Assembleia de Deus, foi feita a pedido do presidente”. “Os dois pastores, usados por Milton Ribeiro para distribuir verbas públicas a ‘irmãos’ (no jargão evangélico) ou amigos, não têm nenhum cargo por eleição ou por nomeação. Mesmo assim, gozam de livre acesso dentro do Ministério, viajam grátis em aviões da FAB, reúnem-se em nome do Ministério com prefeitos e empresários e já participaram de 22 reuniões oficiais do Ministério da Educação”, acrescentou. Segundo Martins, “existe um plano paralelo dos evangélicos para ‘converter’ o Brasil, considerado por eles país pagão e católico idolatra, acabar com o Estado laico e instalar um regime teocrático religioso fundamentalista, baseado na Bíblia? Pode parecer absurdo, um contrassenso cultural e mesmo político, mas existe. Porém, não é tão simples: existem os fiéis seguidores convencidos de ser preciso salvar sua alma e o povo do pecado, mas existem os aproveitadores interessados em se beneficiar, em tirar proveito próprio da crença ou do fanatismo”. Democracia “Houve um retrocesso no protestantismo brasileiro. A falha básica original viria da má formação acadêmica e teológica dos chamados pastores das denominações tradicionais, como presbiterianos, metodistas e batistas. Em consequência, ocorreu um distanciamento do protestantismo europeu, mais intelectualizado e crítico das chamadas Sagradas Escrituras, e uma aproximação do protestantismo norte americano, cujo pragmatismo leva à aceitação literal dos textos bíblicos”, escreveu Marins, no Direto da Redação. E segue adiante: “Não se pode perder de vista a importância da Reforma ao defender a livre interpretação da Bíblia, a ruptura com o monopólio católico do cristianismo, no desenvolvimento do livre pensamento, da liberdade e da democracia. Porém, nem todo cristianismo permaneceu fiel ao espírito original da Reforma. Ao se distanciar da Reforma, o protestantismo brasileiro se tornou conservador, reacionário e intolerante”. “O marco dessa transformação foram os anos das agitações sociais, levando as principais denominações por medo do socialismo e comunismo a se unirem aos militares no golpe militar de 64. Essa situação não mudou até hoje, ao contrário, se agravou. Paralelamente, dentro da evolução do protestantismo praticado nos EUA, mais a falta de uma boa formação básica leiga, de uma cultura geral, de um conhecimento atualizado do mundo fora das igrejas, incluindo informações e comunicações, os chamados pastores das denominações evangélicas mais populares, incluindo-se assembleias de Deus e pentecostais derivaram para o espiritualismo e fanatismo”, conclui.
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