Publicado Segunda, 13 de Julho de 2015 às 13:27, por: CdB
Colunistas destaca ângulos diversos da política nacional e do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, que em algum tempo foi considerada a cidade tambor da nação brasileira, hoje vive uma situação dramática, seja na área de segurança ou em termos de governos e de mídia hegemônica.
No Rio de Janeiro se concentra a emissora de televisão que cresceu na base de favores governamentais desde os tempos da ditadura empresarial militar de 1964.
A referência é a Rede Globo, uma das mídias das Organizações Globo, cujo jornal do mesmo nome apoiou ostensivamente o golpe de 64 e por uma questão de mercado recentemente fez autocrítica por esse posicionamento.
Na verdade, uma autocrítica porque nos dias atuais identificação com o período obscuro da história brasileira é realmente desabonador. Queima qualquer canal de televisão, rádio ou jornal. Mas na prática, a referida Organização não mudou muito na abordagem das questões nacionais e internacionais.
DNA de sempre
Atualmente, segue com o DNA golpista e de defesa de interesses perniciosos ao país. Como acontece desde a criação da Petrobras, o grupo Globo, na época a rádio e o jornal, continua tentando induzir seus leitores, ouvintes, e agora telespectadores, a concluir que a empresa petrolífera nacional deve ceder espaços para as multinacionais do setor.
O grupo Globo notoriamente está empenhado que retorne na Petrobras algumas estratégias iniciadas no período governamental de Fernando Henrique Cardoso, como, por exemplo, o regime de concessão na exploração das bacias petrolíferas brasileiras.
Faz coro com o Senador tucano José Serra, que apresentou projeto para retirar da Petrobras a participação obrigatória da referida empresa na exploração e produção de petróleo nas camadas do pré-sal.
Na prática, Serra e as Organizações Globo querem mesmo facilitar a vida das multinacionais. O site Wikileaks já havia adiantado que Serra prometera solenemente tal coisa.
Diariamente, aproveitando o embalo provocado por ex-diretores bandidos da Petrobras, pegos em flagrante delito, os espaços midiáticos globais, cuja sede principal é o Rio de Janeiro, apresenta fatos sem a menor comprovação como se fossem verdades absolutas. Fatos estes que na prática procuram enfraquecer a Petrobras.
De quebra, ainda por cima mídias que integram as Organizações Globo concedem medalhas ao juiz Sérgio Moro (personalidade do ano de 2014 no jornal O Globo), responsável no Paraná pela condução de inquérito Lava Jato envolvendo empresários que se valem das tais delações premiadas para tentar reduzir as penas a que podem eventualmente ser condenados.
Juiz com vínculos comprometedores
Moro, por sinal, um juiz que, segundo a enciclopédia livre Wikipédia, participou de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro promovida pelo Departamento de Estado norte-americano, é acusado de vínculos com o principal partido de oposição atualmente, ou seja, o PSDB, que adota como estratégia a derrubada imediata do governo de Dilma Rousseff.
O Código de Processo Civil, em seu artigo 134, manda arguir o impedimento e a suspeição do juiz “quando nele estiver como advogado da parte o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta: ou na linha colateral até o segundo grau”.
Mas isso, tanto as Organizações Globo como as demais mídias hegemônicas conservadoras preferem silenciar.
Total falência
Na mesma cidade do Rio de Janeiro onde o noticiário tem a predominância das Organizações Globo, a área de segurança está totalmente em colapso, falida. Diariamente cidadãos têm sido vítimas tanto de marginais como de policiais que obedecem à voz de comando de responsabilidade do Executivo estadual, ou seja, do Governador Pezão.
Exemplo recente: no metrô da Uruguaiana foi assassinado um cidadão e a poucos metros do ato encontravam-se policiais em ação que tinha como pretexto combater ilegalidades no Camelódromo, mas que atingiu a todos, inclusive os que lá trabalham honestamente.
Mas os policiais, seja os da Operação Camelódromo ou do próprio metrô, só foram ver o que acontecia depois do assassinato. Os homicidas fugiram sem serem pegos.
Nas áreas pobres da cidade, policiais têm violado os direitos humanos e nada acontece, salvo declarações sem eira nem beira do Governador Pezão, que na prática estimulam ações nebulosas que atingem não raramente cidadãos anônimos.
As autoridades se limitam a declarar que tudo acontece por responsabilidade de narcotraficantes. É o caso então de perguntar: quantos Amarildos existem por aí na cidade do Rio de Janeiro? Amarildo, para quem tem memória curta, é o morador da Rocinha assassinado pela PM há dois anos e cujo corpo até hoje não apareceu. Era um cidadão que a mesma PM tentou, mas não conseguiu devido à pressão da opinião pública, acusar de ligações com o tráfico de drogas.
Na mesma cidade do Rio de Janeiro, cuja hegemonia política pertence ao PMDB, daqui um ano e três meses os eleitores escolherão o novo prefeito que vai suceder Eduardo Paes, que, como Pezão, tem espaço garantido, e claro a favor, nas Organizações Globo.
Na área municipal, sob total e absoluto silêncio das Organizações Globo, em bairros do Rio de Janeiro, como a Vila Autódromo em Jacarepaguá, acontecem remoções forçadas de famílias tendo como pretexto a realização das Olimpíadas, em agosto do ano que vem.
Especulação imobiliária
Nesta área e em outras estão de olho empresas que há anos são responsáveis pela especulação imobiliária que assola o Rio de Janeiro. O termo assolar se aplica, porque basta verificar o que acontece (e já aconteceu) em vários pontos da cidade para confirmar a existência de uma arquitetura descaracterizada pela especulação imobiliária, com a cumplicidade do poder público.
As Organizações Globo silenciam sobre o fato e dão toda força ao Prefeito Paes, cuja campanha eleitoral foi em parte bancada pelo empresariado do setor imobiliário, que em contrapartida tem a ação facilitada pelas autoridades municipais.
Em suma, assim caminha a “Cidade Maravilhosa”, que atualmente parece guardar apenas o adjetivo para o hino da cidade, e era também o “tambor da nação”, porque tudo que acontecia aqui tinha repercussão nacional. Mas agora, esse tempo acabou e o noticiário tem a hegemonia das Organizações Globo, que, como já foi dito, defende interesses não necessariamente favoráveis ao povo carioca, fluminense e brasileiro, muito pelo contrário.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.Direto da Redaçãoé um fórum de debates, do qual participam jornalistas colunistas de opiniões diferentes, dentro do espírito de democracia plural, editado, sem censura, pelo jornalistaRui Martins.
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