Dividir os bens não é comunismo, afirma papa Francisco, “é cristianismo”

Arquivado em:
Publicado Domingo, 11 de Abril de 2021 às 16:27, por: CdB

A declaração recordou a passagem dos Atos dos Apóstolos que fala sobre a vida da primeira comunidade cristã, após a ressurreição de Jesus, indicando que "ninguém chamava seu ao que lhe pertencia", mas tudo era "comum" e "não havia ninguém necessitado”.

Por Redação, com Ansa - de Roma

Durante a missa do "Domingo da Misericórdia", o papa Francisco pediu para os fiéis não viverem "uma meia-crença" e ajudarem o próximo, porque a partilha dos bens "não é comunismo, é cristianismo na sua forma mais pura”. O pontífice alertou que em uma fé "estéril" não existe compartilhamento nem atenção ao sofrimento dos outros.

papa-1.jpg
Papa Francisco quebra o tabu da divisão de bens entre aqueles que têm mais e os mais necessitados

— Se o amor acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril. Sem os outros, torna-se desencarnada. Sem as obras de misericórdia, morre — declarou, na homilia da celebração na igreja do Espírito Santo, em Sassia, junto à Praça São Pedro.

A declaração recordou a passagem dos Atos dos Apóstolos que fala sobre a vida da primeira comunidade cristã, após a ressurreição de Jesus, indicando que "ninguém chamava seu ao que lhe pertencia", mas tudo era "comum" e "não havia ninguém necessitado”.

Católicos

Segundo Jorge Bergoglio, os discípulos tornaram-se misericordiosos e compartilhar os bens parecia uma "consequência natural". "Não é comunismo, mas Cristianismo no seu estado puro", ressaltou.

O líder da Igreja Católica convidou os católicos a superar a indiferença perante os outros, para que não vivam uma fé "pela metade, que recebe mas não dá, que acolhe o dom mas não se faz dom".

— Hoje é o dia de nos perguntarmos: 'Eu, que tantas vezes recebi a paz de Deus, o seu perdão, a sua misericórdia, sou misericordioso com os outros? Eu, que tantas vezes me alimentei do seu Corpo, faço alguma coisa para matar a fome a quem é pobre? — instigou.

Exemplo

Ao final da cerimônia, o Papa convocou os católicos a ser "testemunhas de misericórdia", a partir da experiência de receber a misericórdia de Deus, para quem cada pessoa é "insubstituível".

— Deus acredita em nós mais do que nós acreditamos em nós mesmos. Para Deus, ninguém é falho, ninguém é inútil, ninguém é excluído — lembrou.

O papa ainda recordou a experiência dos discípulos de Jesus, que recuperaram a paz após o encontro com Cristo ressuscitado, passando "do remorso à missão". Com este exemplo, ele disse que todos devem "abrir o coração para se deixar perdoar" e recomendou a Confissão, como sacramento da "ressurreição, misericórdia pura".

Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo