Dia de eleição no Paquistão tem pelo menos nove mortes

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Publicado Segunda, 18 de Fevereiro de 2008 às 13:24, por: CdB

Pelo menos nove pessoas morreram na segunda-feira em episódios de violência durante as eleições parlamentares no Paquistão. Apesar das mortes em episódios esporádicos, não houve grandes atentados durante o pleito, como temia o governo - que enviou cerca de meio milhão de agentes de segurança às ruas.

Além de 80 mil integrantes do Exército, o governo mobilizou cerca de 420 mil policiais e diversos Rangers, grupos armados que também atuam sob o comando das Forças Armadas. A contagem dos votos foi iniciada imediatamente após o fechamento das urnas, às 17 horas (horário local, 9h de Brasília). Com pouco menos de 10% dos votos apurados, os principais partidos de oposição estavam na frente.

Estão em disputa 342 assentos da Assembléia Nacional, equivalente à Câmara de Deputados, e 100 vagas no Senado.

Musharraf

Depois de votar, o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, disse que todos devem aceitar o resultado das eleições. Musharraf também disse que está disposto a trabalhar com quem quer que saia vitorioso da votação.

Nos últimos meses, a oposição vem acusando o governo de violência contra seus simpatizantes e de planejar fraudar o pleito.

No último dia da campanha eleitoral, no sábado, a explosão de um carro-bomba matou 47 pessoas, incluindo o autor do ataque, em um escritório de um dos principais partidos da oposição, o PPP.

Sem medo

Mesmo com a ameaça de violência que rondou a votação, muitos dos que saíram de casa na capital Islamabad e na vizinha Rawalpindi para votar disseram não se sentir em risco.

— Votei sem medo porque a afeição que sinto pelo meu candidato me protege —, afirmou à BBC Brasil Bushra Igaz, que votou em uma sessão eleitoral só para mulheres em Rawalpindi.

O local de votação exclusivo para homens ficava a apenas alguns metros do posto feminino. Eles entravam de um em um e esperam pacientemente sua vez de votar, conversando sobre política. Questionados se tinham medo de possíveis atos violentos, todos respondiam que não.

— Deus vai nos proteger e nada vai acontecer —, disse Abdullah Aviu.

— Essas eleições são importantes para mudar o país —, completou.

Mas alguns analistas avaliam que um grande número de pessoas deixou de votar por causa do medo da violência. A expectativa é de um comparecimento ainda menor do que os 41% que votaram nas ultimas eleições, em 2002.

Bhutto

As eleições estavam inicialmente previstas para janeiro, mas foram adiadas depois que a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto foi assassinada em um comício em Rawalpindi, no dia 27 de dezembro.

A morte de Bhutto foi um dos principais assuntos da campanha, com vários candidatos tentando associar sua imagem à dela.

No local onde ela morreu, foi montado um memorial onde são vendidos souvenires. Alto-falantes repetiam de tempos em tempos seus discursos. O lugar atraiu vários admiradores da ex-primeira-ministra.

Mahmoud Akhram disse que foi ao comício do dia 27 de dezembro junto com um amigo. Na saída, por ter deixado o local mais cedo, viu de longe quando a bomba explodiu. O amigo teve menos sorte: estava mais próximo de Bhutto e foi uma das cerca de 150 pessoas mortas na ocasião.

— nsegui recuperar os restos do meu amigo apenas tarde da noite —contou.

Mahmoud sorriu ao mostrar a marca de tinta no dedo, sinal de que depositou seu voto na urna.

— Votei no PPP por Benazir, claro —, afirmou.

— Se as eleições não forem roubadas, eles vão ser o novo governo —, acrescentou.

Fraude

Em meio às acusações de que o governo tentaria fraudar o pleito, a maioria das sessões eleitorais teve representantes dos partidos fiscalizando o andamento dos trabalhos.

Na quinta-feira, a ONG Human Rights Watch divulgou uma gravação em que o procurador-geral do Paquistão, Malik Qayyum, supostamente admiti

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