Diplomatas de vários países, no Brasil e no exterior, opinam que a permanência do chanceler Ernesto Araújo no cargo tende a ser uma âncora para a economia brasileira, uma vez que ele tem as portas fechadas para os principais aliados econômicos do país. Principalmente, a China, os EUA e a Índia.
Por Redação, com BBC - de Brasília
A instabilidade política brasileira, principalmente no Ministério das Relações Exteriores, mereceu uma cobertura especial da principal agência de notícias do Reino Unido, neste domingo. A British Broadcasting Company (BBC), em sua sucursal brasileira, ressalta as dificuldades que o atual gestor do Itamaraty, chanceler Ernesto Araújo, vem causando à economia brasileira.
A BBC relata que, “na quarta-feira, enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão afirmava que o chanceler Ernesto Araújo deverá deixar o comando do Ministério das Relações Exteriores em breve, Araújo aplaudia e ria dos insultos que o presidente Jair Bolsonaro disparava contra a imprensa em uma churrascaria de Brasília”.
“Os eventos podem parecer contraditórios, mas exprimem a encruzilhada no destino de Araújo. O chanceler, visto como um dos últimos representantes da pauta ideológica de Bolsonaro na Esplanada, é também o executor de uma política externa que começa a trazer dificuldades palpáveis aos interesses econômicos e sanitários nacionais”, sublinha a agência britânica.
Demanda
“Nas últimas semanas, isso se traduziu em falta de proximidade diplomática que destravasse o envio da China e da Índia de doses de vacina e de insumos para produzir centenas de milhões de imunizantes no Brasil, além da escassez de pontos de diálogo com o recém-empossado governo democrata de Joe Biden, que já anunciou a agenda ambiental como um dos pontos centrais de seu governo”, acrescenta.
De acordo com a BBC, “como resultado, a demissão de Araújo virou uma demanda de grupos políticos cada vez mais diversos. Se, por um lado, ele é um ativo ideológico de Bolsonaro, por outro, passou a representar um risco eleitoral em um país com 220 mil mortes na pandemia e em crise econômica”. Essa é a avaliação de quase uma dezena de embaixadores e diplomatas ouvidos pela agência, que transmite para mais de 160 países, tanto no Brasil quanto no exterior. A maior parte deles preferiu discutir o assunto anonimamente por receio de retaliações políticas.