Demissão de diretor do Inpe gera impacto no meio científico mundial

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Publicado Sexta, 02 de Agosto de 2019 às 12:11, por: CdB

A exoneração, por defender os critérios técnicos para o cálculo da área desmatada, na Amazônia Legal, foi comunicada em nota do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, nesta sexta-feira.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Brasília e Paris
 

A demissão do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, tem causado uma série de reações nos meios científicos do país e no exterior. O fato ganhou repercussão no diário norte-americano New York Times e nos principais diários europeus, ao longo do dia.

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Galvão, presidente do Inpe, foi demitido após responder às críticas a Bolsonaro

A exoneração, por defender os critérios técnicos para o cálculo da área desmatada, na Amazônia Legal, foi comunicada em nota do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, nesta sexta-feira.

Exonerado

Em comentário sobre a decisão a jornalistas, o cientista afirmou que a situação ficou insustentável após sua reação às declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que acusou o Instituto de divulgar “dados mentirosos”.

— Eu tinha uma preocupação muito grande que isso iria respingar no Inpe. Isso não vai acontecer. O ministro (da Tecnologia, Marcos Pontes), inclusive, nós discutimos em detalhe como vai ser a continuação da administração do Inpe, agora é claro, diante do fato. A maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou-se um constrangimento que é insustentável. Então eu serei exonerado — afirmou Galvão.

A série de ataques ao Inpe, segundo Galvão, começaram em janeiro, mas a origem é anterior, ainda no Ministério do Meio Ambiente.

— A única coisa que o Inpe faz é colher dados, nada mais, mas havia insatisfação sobre isso. Isso estava concentrado no MMA e eu não esperava que subisse à presidência da república, mas aparentemente subiu, não sei exatamente pelo esforço de quem — afirmou, a jornalistas.

Retaliação

Na véspera, Galvão já previa que sua demissão era iminente.

— Pode haver consequências para mim, ser demitido. Mas para o instituto não pode haver. Primeiro porque o orçamento já está estabelecido para este ano; estamos preparando o orçamento para o ano que vem. E a situação ficou tão clara, foi tão incrível a quantidade de apoio, até do exterior, que fica impossível para o governo, na minha opinião, fazer algum tipo de retaliação, o que seria ainda mais contundente contra o governo — previu Galvão.

Bolsonaro, na tentativa de embasar a polêmica decisão de demitir o diretor do Inpe, chegou a afirmar que Galvão estaria “a serviço de alguma ONG”. Segundo o mandatário, os dados crescentes de desmatamento não condizem com a realidade.

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