Delação de Valério induz Justiça de Minas a julgar o ‘mensalão tucano’

Arquivado em:
Publicado Quinta, 20 de Julho de 2017 às 11:40, por: CdB

O Tribunal, em Minas, decidirá se mantém ou ou não a sentença de Azeredo, após mais de 2 anos com o processo parado. O ex-governador é citado na delação premiada de Marcos Valério.

 
Por Redação - de Belo Horizonte

 

Logo após anunciado o acordo de delação premiada do publicitário Marcos Valério, aprovada junto à Polícia Federal (PF), a Justiça em Minas Gerais retomou o processo conhecido como ‘mensalão tucano’. Nesta quinta-feira, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) marcou, para o dia 8 de agosto, a data do julgamento do recurso do ex-governador do Estado Eduardo Azeredo (PSDB). Ele foi condenado em primeira instância a mais de 20 anos de prisão por peculato e lavagem de dinheiro, no processo do mensalão tucano.

gilmar.jpg
Ministro do STF e relator de processos contra Aécio Neves (PSDB-MG), Gilmar Mendes é citado na delação premiada de Marcos Valério

O Tribunal decidirá se mantém ou ou não a sentença, após mais de 2 anos com o processo parado. Segundo a Promotoria, quando tentou a reeleição em 1998, Azeredo, derrotado por Itamar Franco naquele ano, desviou recursos públicos para financiar sua campanha. O esquema teria contado com a participação do publicitário Marcos Valério.

Nos bastidores

Mesmo que a prisão seja determinada pela Justiça, o ex-governador não deverá ficar mais que um ano e um mês na prisão. Ele completará 70 anos no dia 9 de setembro do ano que vem. O Código Penal Brasileiro permite que, nessa idade, o tempo de prescrição do crime caia pela metade. O prazo cairia de 16 anos para oito. O prazo é inferior aos 11 anos que se passaram entre o crime (1998) e a denúncia, apresentada em 2009.

O caso de Azeredo e de seus aliados, a exemplo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), porém, fica ainda mais complicada. A delação premiada de Marcos Valério, prestes a ser homologada no STF, já começa a surtir efeito. Na noite passada, o delator relatou bastidores de operação para retirar da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, em 2005, documentos sobre a relação do Banco Rural com tucanos, em Minas Gerais.

O assunto é alvo de inquérito no STF, motivado por delação do ex-senador Delcídio Amaral. A operação teria contado com a participação dos então relatores da CPMI Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Eduardo Paes (à época no PSDB-RJ). Diretores do Banco Rural teriam escondido documentos comprometedores, no Uruguai.

Vagas limitadas

Na delação, Valério sustenta ainda que suas agências de publicidade participaram do financiamento ilegal da atividade política de Aécio desde os anos 90. Ele afirma que o tucano recebia 2% do faturamento bruto dos contratos do Banco do Brasil no governo FH. Os valores que seriam pagos por meio de Paulo Vasconcelos, citado como representante de Aécio junto à empresa.

Valério também confessa que desviou parte dos recursos da campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998. No processo, conhecido como 'mensalão tucano', ele abasteceu com caixa 2 a campanha de Aécio Neves à Câmara dos Deputados.

O operador cumpria pena de 37 anos de prisão. Ele foi condenado no 'mensalão petista' e cumpria pena na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Ele foi transferido na segunda-feira para a Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac). O presídio fica em Sete Lagoas (MG). A transferência para a unidade — que propõe atendimento humanizado de presos tem vagas limitadas. O pedido data do ano passado, por seus advogados.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo