A cúpula de Biden: embuste antidemocrático

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Publicado Quinta, 09 de Dezembro de 2021 às 06:31, por: CdB

 

Na verdade, Biden persiste nos objetivos estratégicos expressos no “América primeiro” de Trump, proclamando que a “América está de volta” para reafirmar a sua liderança, isto é, para assegurar a subordinação e o alinhamento dos seus aliados e de outros países com a sua política de confrontação.

Por Pedro Guerreiro – de Brasília

Embora com as conhecidas nuances de estilo, Joe Biden dá continuidade à cruzada encetada por Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado de Trump, e à sua intenção de criar uma dita “aliança de democracias” dirigida contra todos os países que não se submetam ao diktat dos EUA e, particularmente, contra a China, que apontou como o grande adversário.
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Presidente dos EUA, Joe Biden
Na verdade, Biden persiste nos objetivos estratégicos expressos no “América primeiro” de Trump, proclamando que a “América está de volta” para reafirmar a sua liderança, isto é, para assegurar a subordinação e o alinhamento dos seus aliados e de outros países com a sua política de confrontação.

Imperialismo norte-americano

Invocando dissimuladamente a democracia, a corrupção e os direitos humanos, os EUA tencionam, na realidade, reafirmar, reforçar e ampliar os seus meios, instrumentos e teia de influência, pressão, ingerência, domínio e dependência, sobre cada país e ao nível internacional, para prosseguir e, se possível intensificar, a sua política de agressão à soberania, à democracia, aos direitos. O imperialismo norte-americano encara também esta Cúpula como uma operação ideológica e midiática, visando a recuperação da sua desgastada e negativa imagem. No entanto, o embuste que esta Cúpula constitui não apagará que os EUA são responsáveis por uma política de sistemático desrespeito do direito de cada povo a decidir do seu presente e futuro, ou seja, da soberania, condição para a democracia, apoiando regimes autoritários e fascizantes, promovendo golpes de Estado, impondo sanções e bloqueios econômicos, agredindo militarmente países e povos, forçando relações neocoloniais, sendo responsáveis pelas mais brutais violações de direitos econômicos, sociais, políticos, culturais e nacionais. Aliás, seria aconselhável que Biden começasse por olhar para as imensas injustiças, desigualdade e problemas sociais, para o desrespeito por direitos, que marcam a sociedade norte-americana, uma realidade que o impacto econômico e social da epidemia colocou em evidência. Tentando impor o que designam por uma “ordem mundial baseada em regras”, determinadas por si e em confronto com os princípios da Carta das Nações Unidas e o direito internacional, os EUA procuram reunir as condições para continuar a impor os seus ditames, tentar contrariar o seu declínio relativo e salvaguardar o seu domínio hegemônico: a dita “Cúpula para a democracia” é só mais uma operação que se insere neste objetivo.

Pedro Guerreiro, é membro do Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista Português (PCP).

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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