Correção do salário mínimo cobre apenas a inflação, sem aumento real

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Publicado Sexta, 31 de Dezembro de 2021 às 11:05, por: CdB

O aumento dos preços ficou acima da expectativa do governo, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu adiar esse ajuste no valor. O salário mínimo é corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Ao anunciar, em dezembro do ano passado, o reajuste para R$ 1.100, a equipe econômica considerou a inflação oficial de janeiro a novembro de 2020.

Por Redação - de Brasília
A correção do salário mínimo proposta pelo governo apenas compensa a inflação deste ano, ou seja, não há aumento real, pois o percentual de reajuste apenas repõe a desvalorização do dinheiro. O Orçamento de 2022, aprovado na semana passada pelo Congresso, já previa a alta do piso salarial para R$ 1.212. Portanto, o cálculo das despesas do próximo ano já considera esse reajuste.
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O reajuste do salário mínimo passou novamente a ser atribuição exclusiva do presidente da República
Por isso, a correção do valor não deve exigir um corte de despesas para que o Orçamento fique dentro do teto de gastos. A regra impede o crescimento das despesas acima da inflação. A alta do piso estimada por técnicos do governo foi calculada com base em duas variáveis: a inflação de 2021, de cerca de 10%, e um valor de aproximadamente R$ 2, referente ao reajuste retroativo. Esse aumento atrasado de R$ 2 foi necessário porque a inflação disparou no fim do ano passado. Como ela foi usada para calcular o salário mínimo de 2021, o piso de R$ 1.100 foi pago com defasagem em relação à variação final da inflação no ano.

Estimativa

O aumento dos preços ficou acima da expectativa do governo, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu adiar esse ajuste no valor. O salário mínimo é corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Ao anunciar, em dezembro do ano passado, o reajuste para R$ 1.100, a equipe econômica considerou a inflação oficial de janeiro a novembro de 2020, somada à estimativa para o índice em dezembro. Mas o índice de inflação oficial, divulgado apenas em janeiro de 2021, foi maior que o esperado pelo Ministério da Economia. A Constituição determina que o mínimo deve garantir a manutenção do poder de compra do trabalhador. Por isso, o valor do salário mínimo deveria ter sido de R$ 1.102 em 2021. O governo Bolsonaro poderia ter editado nova medida para incluir a diferença, mas a legislação também prevê a possibilidade de compensação futura, que é o que será feito agora, com a aplicação do retroativo de aproximadamente R$ 2.

Despesas

O reajuste do piso nacional gera impacto nas contas públicas porque é atrelado a aposentadorias e outros benefícios, como o BPC (assistência social a idosos e pessoas com deficiência). Para cada R$ 1 de reajuste em 2022, o custo aos cofres públicos é elevado em R$ 328 milhões. O aumento de R$ 1.110 para R$ 1.212, portanto, provoca um aumento direto de gastos do governo federal no valor de R$ 36,7 bilhões. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabeleceu a fórmula de reajuste pela inflação medida pelo INPC mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Dilma Rousseff (PT) transformou a regra em lei com vigência para os anos de 2015 a 2019 —Temer, que governou durante a recessão, não mudou a legislação. Bolsonaro ainda não aprovou uma nova política de reajuste.
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