Confira dois mitos e duas verdades sobre crianças utilizando redes sociais

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Publicado Quinta, 09 de Fevereiro de 2023 às 09:53, por: CdB

As redes sociais e os equipamentos eletrônicos estão cada vez mais presentes na vida das crianças, especialmente após o período da pandemia, e com isso surgem diversas opiniões sobre seu uso - gerando confusão em pais e responsáveis. Algumas pessoas acreditam que esses recursos são perigosos e prejudiciais para o desenvolvimento das crianças, enquanto outros acham que são uma ótima forma de aprendizado e entretenimento, mas a constante propagação de notícias falsas e opiniões infundadas em estudos pode gerar mitos difíceis de serem desmentidos. Neste artigo, vamos explorar dois mitos e duas verdades sobre o uso dessas tecnologias no cotidiano dos pequenos. Confira.

Verdade: Problemas como o conteúdo ofensivo ou assustador podem ser muito mais preocupantes do que ameaças físicas ou adultos disfarçados

Quando perguntados sobre os maiores riscos que suas crianças podem enfrentar na internet, a maioria dos responsáveis elegeria adultos abusadores disfarçados ou tentativas de descobrir dados pessoais das crianças. Embora esses problemas sejam preocupações válidas e que devem exigir cuidado e ensino para ajudar as crianças a não se tornarem vítimas, uma pesquisa da ExpressVPN identificou que nem sempre as preocupações dos pais refletem o sofrimento das crianças online. Para cerca de metade das crianças entrevistadas, se deparar com imagens e memes ofensivos, xingamentos em comentários, ofensas em chat por voz, ou até mesmo acidentalmente encontrar conteúdo grotesco, adulto ou propositalmente chocante e assustador são ocorrências muito mais frequentes. Apesar de uma imagem assustadora ou um xingamento serem, a princípio, menos preocupantes que um abusador online, a constante exposição a este tipo de conteúdo para a mente infantil, ainda incapaz de processar corretamente a diferença entre o mundo online e real, pode gerar sintomas de ansiedade, insônia e medos diversos, por isso, é muito importante usar ferramentas para desabilitar chats com desconhecidos em plataformas como o Xbox, optando por criar grupos de amigos conhecidos como um chat com colegas da escola, e sempre perguntar e orientar a criança sobre os conteúdos que podem aparecer na tela do computador ou celular. 

Mito: Versões “kids” de aplicativos como o YouTube podem ser usadas sem preocupações ou supervisão

Sucessos como “A Galinha Pintadinha” e “Baby Shark” comprovam que as mídias independentes como o YouTube já são capazes de produzir conteúdo infantil capaz de bater de frente com os tradicionais canais de televisão infantil. No entanto, nem todo o conteúdo dessas plataformas seria apropriado para crianças - especialmente considerando que o grande volume de vídeos impede que haja algum tipo de revisão manual no conteúdo. É por isso que empresas como a Google lançaram plataformas como o YouTube Kids, com a promessa de um ambiente seguro e com curadoria garantindo que todo o conteúdo é infantil.
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Imagem meramente ilustrativa
O problema é que esse marketing conquistou a confiança dos responsáveis, mas o conteúdo está longe de ser apropriado - conhecido pelo nome “Elsagate”, um escândalo envolvendo o conteúdo encontrado no aplicativo chocou o mundo. Utilizando-se de personagens infantis como a Elsa do filme Frozen, Homem-Aranha e Steve do jogo Minecraft, criadores de conteúdo incluíam vídeos violentos, de natureza sexual, ou até potencialmente perigosos à vida envolvendo os personagens em forma desenhada ou até mesmo vestindo fantasias com atores reais. O conteúdo aparece livremente no YouTube Kids até que seja removido manualmente, e embora a Google tenha um time dedicado a caçar e remover o conteúdo duvidoso, o processo demora alguns dias para ocorrer. Portanto, o YouTube Kids pode ser uma boa opção para encontrar conteúdo infantil. Mas é essencial que os responsáveis criem uma conta, selecionem manualmente os vídeos desejados, e criem uma playlist automática. Assim, os vídeos exibidos já serão conhecidos pelos pais, ao invés de confiar em possíveis erros do algoritmo automático da plataforma. 

Mito: Eletrônicos como computadores, celulares e videogames devem ser banidos por completo da vida de qualquer criança.

As preocupações com o uso dos aparelhos eletrônicos na infância são válidas - mas não se aplicam a todas as idades. Especialistas no desenvolvimento infantil alertam que durante os primeiros anos da infância, o conteúdo encontrado em vídeos para crianças é sim prejudicial ao desenvolvimento cognitivo e, principalmente, social. Estudos demonstram atrasos na capacidade de aprendizado da linguagem e comunicação.  No entanto, com o crescimento da criança, a situação se inverte: videogames apropriados para a idade, acesso a sites de busca e informações, além de vídeos de curiosidades, ensino e até entretenimento, mostram aumentos interessantes no raciocínio lógico, capacidade de articulação, solução de problemas e reflexos da musculatura dos membros superiores.  Por isso, é importante não tratar a tecnologia como algo totalmente livre e seguro para as crianças, mas também não tentar proibi-la como um todo, algo que além de pouco efetivo poderá prejudicar outros aspectos do desenvolvimento. Na verdade, o importante é conversar com um profissional responsável pelo acompanhamento da criança, como um médico pediatra, para avaliar os marcos de desenvolvimento e decidir bons momentos e maneiras de introduzir as tecnologias na vida do pequeno. Apesar de muito tentadora, a prática de deixar uma criança nos primeiros anos de vida entretida com vídeos infantis no YouTube deve ser descartada por completo. 

Verdade: A luz emitida pelas telas eletrônicas pode impactar na qualidade de vida de crianças e adolescentes

Por fim, a noção popular de que a tela da televisão, celular e computador pode prejudicar a criança é verdadeira - mas não pelos motivos comumente citados. A princípio, não há nenhuma fonte de dados que comprove que a exposição às telas danifique o olho, aumente a necessidade do uso de óculos, ou seja perigosa a depender da distância entre a criança e a luz. No entanto, displays eletrônicos possuem um perfil de cores diferente da luz natural produzida pelo Sol pois possuem uma presença muito significativa de faixas azuis. A luz azul é utilizada pelo organismo para medir a passagem do tempo no ciclo circadiano e, por isso, sua exposição constante, especialmente durante a noite, está diretamente relacionada com impactos na capacidade de adormecer, profundidade do sono, e comportamentos de irritabilidade e cansaço nas crianças. Por isso, a recomendação é que toda e qualquer tela deve ser desligada no mínimo duas horas antes do horário de dormir, garantindo que o corpo terá tempo o suficiente para reajustar o relógio biológico. 
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