Cientistas são presos por suspeita de ajuda a bin Laden

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Publicado Sexta, 26 de Outubro de 2001 às 06:01, por: CdB

O Paquistão interrogou dois importantes cientistas nucleares sobre possíveis contatos destes com o líder do regime do Talibã, mulá Mohamed Omar, revelaram autoridades governamentais. A revelação foi feita em meio a uma notícia, publicada pelo jornal britânico The Times, dando conta de que Osama bin Laden e sua rede Al Qaeda teriam adquirido materiais nucleares para possível uso contra o Ocidente. Fontes paquistanesas disseram à CNN que os cientistas interrogados são Chaud Abdul Majeed e Sultan Bashiruddin Mahmood, ambos homens de profundas convicções religiosas e pesquisadores aclamados no sul da Ásia. Mahmood é um dos fundadores do programa nuclear do Paquistão e foi detido na terça-feira passada por agentes do serviço de informações na cidade de Lahore, no leste do país. Majeed, que trabalhou durante anos com Mahmood na Comissão de Energia Atômica do Paquistão, também está detido, disseram autoridades do Ministério do Interior, que pediram anonimato. As fontes disseram que os dois cientistas teriam tido contatos com o Talibã e teriam orientado os líderes do regime afegão sobre assuntos científicos, embora a natureza exata dessas orientações não tivesse ficado clara. Ambos os cientistas deixaram a Comissão de Energia Atômica do Paquistão e estavam vivendo no Afeganistão desde que o Talibã chegou ao poder, em 1996, ainda de acordo com as fontes. Não ficou claro de imediato o motivo de seu retorno a território paquistanês. Até o momento nenhum deles foi indiciado por crime algum, disseram as fontes. Bin Laden teria jurado obter armas de destruição em massa Uma importante autoridade governamental disse à Associated Press, sob a condição de permanecer no anonimato, que Mahmood não é suspeito de envolvimento em atividades terroristas de Osama bin Laden ou sua Al Qaeda. Bin Laden, o principal suspeito nos atentados terroristas de 11 de setembro contra os Estados Unidos, teria adquirido ilegalmente material nuclear do Paquistão, de acordo com The Times, que citou "fontes de serviços de informações", não identificadas. Embora as fontes tivessem insistido em que bin Laden não teria a capacidade de realizar um ataque nuclear, elas afirmaram que o extremista teria adquirido uma vasta quantidade de armamento para possível uso contra o Ocidente. O diário, um dos mais respeitados da Grã-Bretanha, disse que o possível fluxo de componentes nucleares para Osama bin Laden teria motivado as freqüentes advertências feitas pelo presidente dos EUA, George W. Bush, e o premier britânico, Tony Blair, sobre tentativas do extremistas de perpetrar atrocidades ainda piores que os ataques contra Nova York e Washington. O jornal afirmou: "Bin Laden já disse que é seu 'dever religioso' buscar adquirir armas químicas, biológicas e nucleares de destruição em massa". Mesmo sem a capacidade de realizar um ataque nuclear, os temores persistem de que o extremista poderia orquestrar a ativação de uma "bomba suja", com material radioativo que poderia ser espalhado por uma área urbana, causando morte e contaminação em uma área densamente povoada. A comunidade internacional teme um levante político no Paquistão porque o país, como sua vizinha e rival Índia, é uma potência nuclear. Algumas nações afirmam que a incerteza no governo de Islamabad poderia ameaçar a segurança do arsenal nuclear paquistanês. O presidente Pervez Musharraf causou a ira de militantes islâmicos com sua decisão de apoiar os EUA em sua luta contra o terrorismo e seus bombardeios aéreos ao Talibã e a Al Qaeda, no Afeganistão. Alguns grupos defendem abertamente a derrubada de Musharraf, um general que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado. Mas o presidente insiste em que a população o apóia e que as armas nucleares do país estão em mãos seguras.

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