Chávez renuncia e militares indicam governo de transição na Venezuela

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Publicado Sexta, 12 de Abril de 2002 às 12:58, por: CdB

Hugo Chávez, que assumiu a chefia do governo da Venezuela prometendo tornar realidade os sonhos de Bolívar de construir uma nação com liberdade e justiça social, foi obrigado a renunciar na madrugada desta sexta-feira pelas Forças Armadas do país. O comando militar já anunciou a constituição de um governo de transição, que será liderado por Pedro Carmona Estanga, presidente da Fedecámaras, a maior associação empresarial do país. Carmona Estanga, em pronunciamento pela televisão junto com o alto comando, disse que será suspensa a greve geral que contou com o apoio da Fedecámaras e desencadeou os protestos que culminaram com a renúncia de Chávez. Acrescentou que serão tomadas medidas para o julgamento dos responsáveis pelas mortes durante a repressão aos protestos que antecederam a queda do governo. Não ficou claro se Hugo Chávez seria também responsabilizado pelas mortes. Chávez deixou o palácio de governo em um automóvel preto, que seguiu em caravana para a base militar de Tiuna, onde o alto comando militar concentrou suas atividades. Renúncia e destituição do gabinete O ex-dirigente deixou o palácio presidencial de Miraflores vestindo seu uniforme de campanha, com a tradicional boina vermelha, depois de assinar sua renúncia, apresentada a uma junta de três generais e na qual também destituía, com base em dispositivo constitucional, o vice-presidente e os demais membros do gabinete. A medida abriu caminho para a formação de um governo de transição. A renúncia de Chávez ocorreu horas depois de o comandante da Guarda Nacional da Venezuela, general Alberto Camacho Kairuz, ter anunciado que as Forças Armadas haviam assumido o controle do país após um dia de violentos distúrbios em que pelo menos 11 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas. O chefe das Forças Armadas, general Lucas Rincón, o militar de maior patente no país, comunicou que todo o comando irá colocar seus cargos à disposição das autoridades do novo governo de transição. Antes da formalização da renúncia de Chávez, Camacho Kairuz, que exercia o cargo de vice-ministro da segurança, fez um apelo para a formação imediata de uma junta de governo e disse que os comandantes das demais armas já haviam emitido comunicados apoiando a saída de Chávez. "Todo o país está sob o controle das Forças Armadas", disse o general Camacho Kairuz, em comunicado transmitido pela Rádio Caracas Televisión, emissora privada. "Aqui não há nenhum tipo de resistência". Os protestos A Venezuela viveu, na quinta-feira, um dia de explosão social nas ruas: 11 pessoas morreram em choques entre defensores e opositores do governo, enquanto o presidente Hugo Chávez, enfrentando uma greve geral no país, tirava três emissoras privadas de televisão do ar. Chávez usou a cadeia nacional de rádio e televisão para fazer um pronunciamento rechaçando a greve, que começara na terça-feira por 24 horas e posteriormente transformou-se em um movimento por tempo indeterminado. O presidente também comunicou que estava determinando o corte do sinal dos canais 2, 4 e 10, por estarem "enganchados" em um plano para derrubá-lo do poder e expulsá-lo do país. "O sinal pertence ao Estado, o dono deste sinal é o Estado", acrescentou Chávez, enquanto prosseguiam as manifestações nos arredores da sede do governo. Cerca de 50 mil manifestantes rumaram em direção ao palácio presidencial de Miraflores para exigir a renúncia de Chávez. O choque com os defensores do chefe de Governo foi inevitável. Uma multidão, atendendo a um apelo de vários ministros, saiu às ruas e posicionou-se em frente ao palácio, disposta a defender a "revolução social", ou bolivariana, proposta por Chávez ao assumir o poder, em 1999. O inspetor-geral das Forças Armadas, Lucas Rincón Romero, junto com o restante do alto comando militar, assegurou o respeito à Constituição e desmentiu os rumores quanto à possível prisão do presidente. "Neste momento, a polícia está tentando evitar qualquer tipo de confronto entre quem é con

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