Burkina Faso: UE pede volta imediata à ordem constitucional

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Publicado Quarta, 26 de Janeiro de 2022 às 07:50, por: CdB

 

O golpe foi confirmado na segunda-feira, depois de o país ter vivido momentos de tensão no domingo. Tiroteios em vários quartéis militares, em Ouagadougou e outras cidades, foram descritos inicialmente como motim para exigir melhorias nas Forças Armadas.

Por Redação, com ABr - de Uagadugu, Burkina Faso

A União Europeia (UE) condenou nesta quarta-feira o golpe de Estado em Burkina Faso, que provocou "a queda de um presidente eleito", Roch Kaboré, e pediu a volta imediata à ordem constitucional.
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Representante europeu lamentou suspensão da Constituição
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, lamentou, em comunicado, a suspensão da Constituição e das instituições por membros das Forças Armadas agrupadas no chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração (MPSR), e manifestou respeito pelas instituições republicanas. – A UE faz um apelo à calma e à concórdia de todos os atores e pede a libertação imediata de todas as pessoas detidas ilegalmente, a começar pelo presidente Kaboré – afirmou. O chefe da diplomacia disse que o bloco está atento à posição e às decisões tomadas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que condenou firmemente o golpe, "com vista a encontrar solução favorável para a situação". – A UE lamenta que o diálogo não tenha prevalecido, particularmente em relação às questões de segurança nacional e à situação humanitária no país, que exigem resposta apoiada pela maioria para realizar reformas essenciais – disse o político espanhol. Borrell afirmou ainda que o fracasso em restaurar a ordem constitucional terá consequências imediatas para a parceria da UE com o país. – Juntamente com outros parceiros de Burkina Faso, a União Europeia continua firmemente empenhada em apoiar o país, para ajudá-lo a superar os muitos desafios que enfrenta – disse Borrel. Ele expressou solidariedade do bloco europeu a todo o povo de Burkina Faso. A junta militar que dirige o país desde o golpe de Estado de segunda-feira recebeu ontem apoio popular nas ruas, apesar da condenação da comunidade internacional, que repudia a ruptura da ordem constitucional e exige a libertação do presidente deposto.

O golpe

O golpe foi confirmado na segunda-feira, depois de o país ter vivido momentos de tensão no domingo. Tiroteios em vários quartéis militares, em Ouagadougou e outras cidades, foram descritos inicialmente como motim para exigir melhorias nas Forças Armadas. O golpe foi precedido, no último dia 22, por dia de manifestações não autorizadas, convocadas pela sociedade civil para expressar grande descontentamento social, agravado nos últimos meses pela insegurança gerada pela violência `jihadista`, e exigir a demissão de Kaboré. Burkina Faso tem sido alvo de jihadistas desde 2015, e os ataques, atribuídos a grupos aliados da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, causaram mais de 1,5 milhão de deslocados internos, segundo o governo. O golpe de Estado é o quarto na região da África Ocidental, depois dos ocorridos no vizinho Mali (agosto de 2020 e maio de 2021), país que também enfrenta o terrorismo jihadista, e na Guiné-Conacri (setembro de 2021).
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