Brasil disputa Libertadores de futebol em cadeira de rodas

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Publicado Quarta, 16 de Novembro de 2022 às 08:48, por: CdB

O único time brasileiro a vencer a Libertadores foi o Novo Ser, do Rio de Janeiro, em 2015, na primeira edição. Em 2016, o título ficou com o Huracán de Carrasco. No ano seguinte, o Tigres levantou a taça. O último ganhador foi o Deportivo Montevidéu, em 2018.

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

Começou nesta quarta-feira, em Buenos Aires (Argentina), a quinta edição da Libertadores de power soccer, como é chamado o futebol em cadeira de rodas. A modalidade é praticada por atletas com deficiências motores severas, como lesões medulares, sendo que homens e mulheres jogam juntos. O torneio reunirá equipes de Brasil, Uruguai e do pais anfitrião. Os brasileiros serão representados por Fortaleza e Rio de Janeiro Power Soccer (RJPS). 

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Os brasileiros serão representados por Fortaleza e Rio de Janeiro Power Soccer (RJPS)

O Leão do Pici está no Grupo A, com Deportivo Montevidéu (Uruguai) e Tigres (Argentina). Os cearenses estreiam contra o time uruguaio, às 10h30 (horário de Brasília) desta quarta. Em seguida, às 13h25, encaram os argentinos. O RJPS, por sua vez, aparece no Grupo B, junto de Huracán de Carrasco (Uruguai) e Los Titanes (Argentina). Também nesta quarta-feira, às 11h40, os cariocas medem forças com o Huracán. Mais tarde, às 16h40, encerram a participação na primeira fase contra o Los Titanes.

Os dois primeiros de cada chave avançam às semifinais, que estão marcadas para quinta-feira, com jogos às 12h10 e 13h15. A disputa pelo terceiro lugar será às 15h, enquanto a grande final está marcada para 16h10.

O único time brasileiro a vencer a Libertadores foi o Novo Ser, do Rio de Janeiro, em 2015, na primeira edição. Em 2016, o título ficou com o Huracán de Carrasco. No ano seguinte, o Tigres levantou a taça. O último ganhador foi o Deportivo Montevidéu, em 2018. A competição não ocorreu em 2019, ano em que foi realizada a Champions Cup, no Velódromo do Parque Olímpico, na zona sul da capital carioca, reunindo campeões de Brasil, Estados Unidos, Argentina e Uruguai - o RJPS venceu. Nas duas últimas temporadas, devido à pandemia da covid-19, não teve disputa.

Os representantes do país na Libertadores foram definidos no último campeonato nacional, realizado em 2019. Tetracampeão do Brasil, o RJPS disputará o torneio continental pela quinta vez. Na última edição, o time carioca ficou na sétima colocação.

– A expectativa é a melhor possível. Estou bastante confiante que faremos um ótimo campeonato. Eu e meus colegas de time treinamos muito para esse momento, para conquistarmos o título. É a minha quarta vez na Libertadores. A cada ano que participo, ganho mais experiência e amadurecimento – comentou Pedro Henrique, goleiro do RJPS, à Agência Brasil.

Vice-campeão brasileiro, o Fortaleza estreará na competição sul-americana. O Tricolor é um dos únicos clubes de futebol do país a contar, também, com uma equipe de power soccer, o Botafogo é outro.

– Nosso último jogo foi em 2019, então focamos nos aspectos táticos, visto que teremos um grupo reduzido, sem reservas, por logística financeira. Por ser a primeira competição internacional, a ansiedade está enorme. Temos o Darci [Júnior], que já disputou o torneio. Nossa parceria com o Fortaleza utiliza a marca do clube, buscando uma visibilidade maior da modalidade, mas ainda é um projeto embrionário. Precisamos divulgar, fortalecer, colocar os atletas em evidência – projetou o técnico do Leão do Pici, David Xavier.

– Sendo a primeira [participação], precisamos nos entregar ao máximo, com muito foco. Jogar uma competição equivalente à do futebol convencional é uma grande motivação. Sendo jogador e torcedor, a motivação é bem maior, de representar meu estado, o Nordeste e meu time do coração – completou Igor Gomes, atleta do Fortaleza.

Mira paralímpica

Os jogadores do power soccer são divididos em duas classes funcionais: PF1 (maior comprometimento físico-motor) e PF2 (maior mobilidade, grau de deficiência moderado). São quatro atletas de cada lado, sendo três de linha e um goleiro. Somente dois PF2 podem estar em quadra simultaneamente em cada equipe. As cadeiras, motorizadas, não podem superar 10 quilômetros por hora. A velocidade máxima é aferida antes de cada partida, disputada em dois tempos de 20 minutos.

A Federação Internacional de Power Soccer (Fipfa, na sigla em inglês) é responsável pela modalidade e organizadora da Copa do Mundo, realizada pela primeira vez em 2007, em Tóquio (Japão). Os EUA ficaram com o título, repetindo a dose quatro anos depois, em Paris (França). A terceira edição ocorreu em 2017, na cidade norte-americana de Kissimmee, com vitória francesa.

O próximo Mundial será em 2023, em Sydney (Austrália). Inicialmente marcado para 2021, o torneio sofreu duas alterações de data, em razão da pandemia. O Brasil não estará presente, já que terminou a Copa América de 2019, realizada no Rio de Janeiro, na quarta posição. Os três primeiros (EUA, Uruguai e Argentina) ficaram com as vagas do continente.

power soccer é uma das 33 modalidades que se candidataram para integrar o programa da Paralimpíada de Los Angeles (Estados Unidos), em 2028. A previsão é que os esportes selecionados para os Jogos sejam anunciados pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) até janeiro do ano que vem.

– A gente espera que, além de cumprir os requisitos, o power soccer tenha uma chance maior [de estar em 2028] pela Paralimpíada ser nos EUA, que é referência na modalidade, para estarmos participando com a seleção brasileira. Esperamos muito que dê certo e isso motive a ter mais equipes no Brasil, onde ainda não temos um número muito grande, além de fortalecer o continente sul-americano e dar aos atletas a chance de respirar o espírito paralímpico, que é muito legal – disse Jaime Torres, diretor de Esportes e técnico do RJPS.

Fim de ano cheio

power soccer segue em Buenos Aires nesta sexta-feira, com o Campeonato Sul-Americano de seleções. O Brasil estreia às 10h15, diante da Argentina. Na sequência, às 11h50, enfrenta o Uruguai. Às 13h30, o jogo entre uruguaios e argentinos encerra a competição. Dos oito atletas convocados para a equipe brasileira, seis estarão na Libertadores, sendo três pelo RJPS (Pedro Henrique, Bernardo Borges e Lucas Dutra) e três pelo Fortaleza (Igor Gomes, Saymon Calista e Darci Júnior), que também cederá o técnico David Xavier.

Já em dezembro, a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), em Niterói (RJ), recebe, entre os dias 16 e 17, o Campeonato Brasileiro da modalidade, que voltará a ser realizado após dois anos. Como as inscrições estão abertas até o próximo dia 30, o número de participantes ainda não está definido, mas a expectativa é que a competição reúna de três a seis equipes.

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