Brasil e Argentina, vasos comunicantes

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Publicado Sexta, 01 de Dezembro de 2023 às 09:39, por: CdB

Diferenças e interdependências evidenciam mudanças políticas, econômicas e a influência mútua na região sul-americana. A parceria econômica entre ambos tem peso específico destacado no tempo presente e em perspectiva.


Por Luciano Siqueira - de Brasília


Os dois principais países do subcontinente sul-americano, Brasil e Argentina, obviamente guardam entre si algumas semelhanças e muitas diferenças. Fronteiriços e palco de dinâmica política própria, assim como desenhos econômicos, sociais e culturais distintos.




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A parceria econômica entre ambos tem peso específico

A parceria econômica entre ambos tem peso específico destacado no tempo presente e em perspectiva.


Faz parte da agenda de reconstrução nacional que aqui o governo Lula empreende. 


No ano passado, nossa balança comercial com a Argentina teve superávit de US$ 2,2 bilhões.


Nossa pauta de exportações, predominantemente composta como comodities nas relações com a China e demais parceiros mundo afora, com a Argentina tem maior peso em produtos manufaturados.


Tudo a ver com a possível retomada mais ampla das atividades industriais aqui.


Por enquanto, predomina a expectativa de que a assunção de Milei não prejudique de imediato os negócios pré-estabelecidos e em curso, porém em médio prazo talvez.


Além disso, a vitória da extrema direita ensandecida argentina repercute aqui como poderoso estímulo ao esperneio do bolsonarismo.



Argentina


A classe dominante Argentina obviamente tem interesses a resguardar e mecanismos institucionais para tanto. O que se supõe venha dar a medida da distância entre o discurso do candidato Milei e o realismo prático do presidente quando no exercício do cargo.


Mesmo quando sobrevém o vendaval direitista, a loucura tem seus limites. O que antes, em campanha, era anunciado como quase ruptura comercial e diplomática da Argentina com Brasil e com a China, já não é bem assim.


Observadas as óbvias distinçōes políticas e econômicas entre os dois países, não há exagero na imagem de vasos comunicantes entre ambos. Nas óbvias divergências e nos interesses econômicos comuns.


A confirmação do acordo econômico com a União Europeia, na agenda imediata, será um bom teste. 


A permanência ou não da Argentina no Mercosul, idem. 


Até onde seria viável um acordo de livre comércio com os EUA, convertidos em aliados incondicionais da Argentina, em troca da redução gradativa do padrão atual de trocas como Brasil e a China? 


Não parece viável.


O fato é que a situação imediata na Argentina significa fato político de muita importância no processo de mudanças em curso no Brasil. 


Inclusive no debate de ideias. As loucuras de lá versus o bom senso de cá.


Um contraponto à superficialidade que parece marcar o discurso predominante, no ambiente da frente ampla que governa com Lula, acerca dos primeiros 12 meses de governo.


Enfim, o Brasil está inserido numa economia global marcada por conflitos e impasses, para o que a vizinhança com a conturbada Argentina nos serve de alerta.


 

 

Luciano Siqueira, é Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil




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