Até quando suportaremos recordes de mortes diárias de brasileiros, o aumento da média semanal das mortes por covid-19? Até quando nossas UTIs nem sequer terão vagas para quem está à beira da morte?
Por Walter Sorrentino – de Brasília
Até quando suportaremos recordes de mortes diárias de brasileiros, o aumento da média semanal das mortes por covid-19? Até quando nossas UTIs nem sequer terão vagas para quem está à beira da morte?A situação é gravíssima
A situação é gravíssima, não é de normalidade. Situações excepcionais demandam soluções excepcionais, “fora da caixinha” do acomodamento e das fórmulas. As instituições democráticas precisam tomar nas mãos o destino do país em hora tão grave, é isso que se faz quando o país recebe uma declaração de guerra do inimigo. Não se deve calar nessas horas. A vida política nos exige inventividade, criar as condições de superação dos impasses. É válida a insubordinação civil de governadores e da sociedade civil em pactuar respostas que não são promovidas nem aceitas pelo governo federal. É válido que os setores mais organizados da sociedade se arrisquem em manifestações de rua, com as premissas necessárias de proteção contra a pandemia, assim que suspensos os confinamentos.Os líderes
Que tomem a voz os líderes com descortino do que vivemos e viveremos. Que assegurem, já e sem delongas, as condições para preservar a vida e a própria retomada da economia. Se não forem imperativos agora, o país cujo rumo se disputará em 2022 estará desagregado. Que se manifestem os ex-presidentes de diferentes orientações, as lideranças religiosas, da sociedade civil, das artes e da cultura, do meio jurídico e político. Que se faça um chamamento ao STF e ao Congresso: é preciso paralisar o quanto antes esse governo, sob risco de irresponsabilidade histórica, aquela que se pagará com o opróbrio. É preciso uma direção única e responsável: defender a vida pela vacinação, o isolamento social e os auxílios emergenciais que não apenas do governo federal, como também dos entes estaduais. É preciso “parar esse cara” e parar essa política econômica que vive da senilidade, de um receituário que já foi deixado de lado até mesmo por seus criadores do Norte. A nação não pode ter um povo enviado ao matadouro, governado com mentiras e agressões permanentes. A sociedade, liderada por palavras e ações, nesse rumo, responderá de pronto, com certeza, com novo estado de espírito, se estiver confiante de que há outro caminho a trilhar no interesse nacional e das famílias. Só não o fará se entender que, no fundo, o que há é disputa política mesquinha, a “briga de políticos” medonha para estes tempos, que sempre lhe foi desfavorável. É preciso catalisar esse estado de espírito na sociedade, numa só voz e ação. O Brasil não pode arcar com o governo Bolsonaro! Bolsonaro só tem cálculos políticos em torno de sua reeleição. Crimes penais e de responsabilidade não faltam. O futuro certamente não absolverá suportar mais 566 dias de martírio com Bolsonaro no governo.Walter Sorrentino, é médico, vice-presidente nacional do PCdoB. Da coordenação nacional da Frente Brasil Popular. Diretor da União Brasileira de Escritores e preside o Conselho Curador da Fundação Maurício Grabois.
As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil