Rio de Janeiro, 19 de Setembro de 2024

Arte brasileira tem destaque na Suíça

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Sexta, 06 de Setembro de 2024 às 19:25, por: Rui Martins

Você foi no Museu de Arte Moderna e na Pinacoteca de São Paulo e não achou mais aqueles quadros, diante dos quais passava horas maravilhado? Quem tirou do lugar os Três orixás, da Djanira? Sumiram com os quadros do Portinari! do Lasar Segall. E os quadros da Tarsila do Amaral e do Alfredo Volpi?

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Exposição Brasil Brasil, no Museu Paul Klee, em Berna, na Suíça, mostra arte brasileira – (quadro Três orixás, de Djanira da Motta e Silva)

Não se assuste, esses quadros estão viajando, ou se quiserem, tirando férias na Europa! Uma parte foi para a Bienal de Veneza, onde ficará até fins de novembro e outra parte foi para Berna, capital da Suíça, para ficar até começo de janeiro. E, a seguir, os quadros irão para Londres, onde serão expostos na Royal Academy of Arts

O título da exposição bem verde-amarelo é Brasil Brasil, no museu Paul Klee, e mostra o surgimento do modernismo brasileiro, apresentando na Suíça uma visão das telas dos principais pintores do começo da arte moderna no Brasil.

A exposição mostra aos suíços a riqueza cultural do Brasil, fruto da mistura da influência da arte nativa indígena com a arte trazida pelos colonizadores portuguêses, pelos africanos importados como escravos e pelos imigrantes vindos de todo mundo a partir do fim do século XIX.

Um ponto de referência para a eclosão da modernidade na arte brasileira foi a Semana da Arte Moderna, em 1922, no centenário da independência brasileira. De uma maneira geral, inclusive na Europa, no começo do século XX, os artistas aspiravam sair dos padrões do clássicismo acadêmico dominante no começo do século XX. Essa aspiração se reforçou quando alguns artists brasileiros puderam ter contato com as novas escolas do expressionismo, futurismo e cubismo, por meio de estágios, cursos e contatos na Europa.

Foi o caso de Anita Malfatti em Berlim e de Tarsila do Amaral, Candido Portinri, Vicente do Rego Monteiro e Geraldo de Barros em Paris. De volta ao Brasil, quiseram criar um modernismo nacional incorporando as culturas indígena, afro e a pluralidade étnica brasileira. Isso se faz sentir também na música com o samba e na festa popular do Carnaval.

Durante a ditadura de Vargas form incorporados à representação artística os temas da seca, da injustiça social e da exploração dos operários e trabalhadores agrícolas, evoluindo para a mistura racial, práticas religosas e injustiça social. Nos anos da ditadura militar, a arte brasileira se inspirou da repressão militar e da desigualdade social.

Uma visão geral dessa evolução e dessas tendências estão representadas nas 130 telas modernistas da exposição.

Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

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