Angela Merkel pede responsabilidade à Uefa nos jogos da Eurocopa em Londres

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Publicado Terça, 22 de Junho de 2021 às 08:37, por: CdB

 

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu à Uefa nesta terça-feira que aja com responsabilidade em relação aos planos de realizar a final da Eurocopa em Londres (Inglaterra), devido a preocupações de segurança com a disseminação do novo coronavírus.

Por Redação, com Reuters e DW - de Berlim/Londres

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu à Uefa nesta terça-feira que aja com responsabilidade em relação aos planos de realizar a final da Eurocopa em Londres (Inglaterra), devido a preocupações de segurança com a disseminação do novo coronavírus (covid-19) na Inglaterra.
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Semifinais e final serão no estádio de Wembley a partir de 6 de julho
– Espero que a Uefa aja com responsabilidade em relação aos jogos da Euro. Não gostaria de ver estádios lotados lá e apoio todos os esforços feitos pelo governo britânico para garantir as medidas de higiene necessárias – disse Merkel. Ela discursava em coletiva de imprensa conjunta com a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que disse ser preocupante a disseminação da variante Delta.

Uma Eurocopa especialmente politizada

A braçadeira nas cores do arco-íris que o goleiro alemão Manuel Neuer vestiu na partida contra Portugal no último sábado, em gesto de apoio à comunidade LGBTQIA+, causou agitação no mundo do esporte. No domingo, a Federação Alemã de Futebol (DFB) confirmou que uma investigação foi feita pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa), que, por sua vez, avaliou que o gesto de Neuer durante a Eurocopa não seria caso de punição. Foi por uma "boa causa", disse a federação europeia. Manuel Neuer usou a braçadeira de capitão como um sinal e "compromisso claro de toda a equipe pela diversidade, abertura, tolerância e contra o ódio e a exclusão", disse o porta-voz da DFB, Jens Grittner. Que esse tipo de ação é importante ficou claro através da reação da ultradireita alemã. Uwe Junge, uma das lideranças do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no oeste do país, disse no Twitter que Neuer usou "uma braçadeira de bicha". Repreendido publicamente pela própria líder da ultradireita no Parlamento alemão, Alice Weidel, o político apagou o tuíte, mas não voltou atrás em sua opinião: para ele, esse tipo de manifestação com a camisa da seleção é inadequada. Não é a primeira vez que o partido se envolve em polêmica relacionada à seleção alemã. Em 2016, o então líder da AfD Alexander Gauland disse que o zagueiro Jérôme Boateng, que é negro, era ótimo jogador, mas que ninguém gostaria de tê-lo como vizinho.

Torneio politizado

A discussão em torno de Neuer e a braçadeira LGBTQIA+ é apenas mais uma, numa Eurocopa especialmente politizada. Em gesto contra o racismo, jogadores da seleção inglesa vêm se ajoelhando em campo, antes do apito inicial. Pouco antes da estreia no torneio, a equipe chegou a ter que publicar um comunicado oficial pedindo aos torcedores que respeitem a decisão dos jogadores. Nos dois últimos amistosos antes da Eurocopa, torcedores ingleses haviam vaiado a manifestação. A Uefa está sob pressão. A regra básica é rejeitar mensagens políticas. Mas a entidade acolheu expressamente os protestos contra o racismo durante a Eurocopa. Outras seleções aderiram, e até mesmo árbitros chegaram se ajoelhar.

Munique não é Budapeste

Nesta quarta-feira, o próximo capítulo poderá ser aberto. Em Munique, local dos jogos dos alemães, é intensamente discutido se a Allianz Arena poderia brilhar nas cores do arco-íris na partida final do grupo, contra a Hungria. O prefeito de Munique, Dieter Reiter (SPD), planeja apresentar uma solicitação correspondente à Uefa nesta segunda-feira. "Este é um sinal importante de tolerância e igualdade", disse ele. O jogador alemão Leon Goretzka aplaudiu a ideia. O pano de fundo é político: recentemente, o Parlamento húngaro aprovou uma lei que restringe os direitos à informação dos jovens em relação à homossexualidade e à transexualidade. A lei foi promovida pelo próprio governo ultranacionalista de direita de Viktor Orbán. Ao mesmo tempo, é provável que as autoridades de segurança de Munique tenham outras preocupações. Nos jogos anteriores dos húngaros em Budapeste (0:3 contra Portugal e 1:1 contra a França), a chamada "Brigada dos Cárpatos" apareceu nos estádios. A turba, vestida de preto, é considerada por especialistas como um grupo paramilitar composto por neonazistas. Os membros da brigada são conhecidos por gestos homofóbicos e racistas, e já foram vistos fazendo inclusive a saudação de Hitler.
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