Ajuda à Índia é vendida em mercados

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Publicado Sábado, 15 de Janeiro de 2005 às 09:26, por: CdB

Parte da ajuda enviada às vítimas das tsunamis no litoral oriental da Índia foi vendida e acabou nos mercados da zona, informou neste sábado, o pároco da basílica de Santo Tomás, em Madras, capital do Estado de Tâmil Nadú.

- Fazemos o que podemos para socorrer as vítimas das tsunamis, mas estamos preocupados porque há pessoas que querem se aproveitar da situação e que abusam de nossos esforços - disse o sacerdote católico Lawrence Raj, pároco de Santo Tomás.

Segundo o padre Raj, "milhares de pessoas vêm, tanto à basílica como às escolas e outros centros que dependem dela, para pedir assistência, embora nem todos tenham sido afetados".

- Muitos, apesar de já ter recebido sua parte, voltam para solicitar mais e depois vendem o que lhes damos, em alguns casos para comprar bebida alcóolica - acrescentou o religioso.

Segundo ele, "há vários intermediários que pretendem ganhar dinheiro às custas desta tragédia, o que é realmente lamentável".

A denúncia do padre Raj foi confirmada por funcionários públicos de Tâmil Nadú, que admitiram que comida e outros materiais dados aos danificados por organizações não-governamentais (ONG) estão sendo vendidos e que há intermediários que os compram a baixa preço para revendê-los.

S.Prabhakaran, administrador do distrito de Cudalore, situado a 220 quilômetros ao sul de Madras, disse por telefone que "meu departamento soube neste sábado da existência de um grupo de pessoas da aldeia de Devanampatinan que vende o arroz, os legumes e as outras mercadorias essenciais que lhes são proporcionadas pelas ONG".

Prabhakaran indicou que algumas pessoas de Devanampatinan que receberam de uma organização humanitária jogos de lençois, cujo valor é de cerca de 5 dólares, os venderam por pouco mais de um dólar.

Em sua opinião, "isto representa um grave contratempo para muitas organizações que estão fazendo um trabalho incansável e elogiável na zona desde que ela foi golpeada pelos tsunamis, motivo pelo qual informamos a polícia".

- As autoridades não podem transtornar ainda mais os afetados, que estão em um estado muito delicado depois das perdas que sofreram, mas devem tratar o assunto de modo adequado para coloca um fim a isto e, ao mesmo tempo, garantir que as pessoas receberam a ajuda adequada - disse Prabhakaran.

O padre Raj também acha, como Prabhakaran, que o trabalho e a ajuda de grupos locais e de organizações e governo estrangeiros foram muito importantes e que "todos foram muito generosos".

A basílica de Santo Tomás converteu-se em um importante centro de socorro para os afetados no estado de Tamilnadu, onde viviam quatro quintos dos mais de 10.000 mortos confirmados na Índia pelas ondas gigantes causadas pelos maremotos do dia 26 de dezembro.

De acordo com o governo e as ONG locais e internacionais, a igreja de Santo Tomás continuam na primeira fase de socorro, na qual é dada comida e água, além de ajuda médica, utensílios de cozinha e lençois aos afetados.

A igreja não só atende aos 450.000 católicos de Madras e aos 4.500.000 de Tâmil Nadú, mas também os seguidores de outras crenças.

- Em 9 de janeiro, organizamos em uma de nossas escolas de Madras um ato ecumênico do qual participaram pessoas de todas as religiões. Foi um dia muito lindo, no qual as pessoas se uniram esquecendo as diferenças sociais e religiosas - concluiu o pároco católico.

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