Acampamento da Juventude do FSM deverá reunir 30 mil em Porto Alegre

O Acampamento Intercontinental da Juventude volta para a terceira edição do Fórum Social Mundial com sua importância turbinada de várias formas. Há ganhos de 100% na duração do tempo (foram cinco dias em 2002, serão onze em 2003), dobrou também a expectativa dos participantes (de 15 mil para 30 mil pessoas acampadas) e a área para atividades culturais planejadas pelos jovens espalha-se por mais 2 km da orla do rio Guaíba, complementando um espaço de terra já devidamente extenso para as barracas, os 250 hectares do Parque da Harmonia, na região central de Porto Alegre. De 18 a 29 de janeiro, o Acampamento Intercontinental da Juventude será a Cidade das Cidades dentro da estrutura do Fórum Social, espaço privilegiado para a convivência 24 horas de várias culturas e idiomas e já considerado um embrião, simbólico e estratégico, das novas práticas sociais, econômicas e políticas que os principais conteúdos do megaevento propõem. A população aguardada de 30 mil acampados lota estádios de futebol e supera a de centenas de cidades brasileiras. É junto a esta multidão reunida voluntariamente, vinda de vários cantos do país e do mundo, que os organizadores vão testar na prática teorias de autogestão, de solidariedade entre os povos, de consumo crítico e ético e de ocupação da natureza com responsabilidade. "O meu sonho é fazer do acampamento um espaço de práticas e vivências que apontem para este outro mundo possível. Tem como fazer, é só parar de blá-blá-blá. Se cada pessoa ceder um pouco e assumir as responsabilidades do convívio, toda a diversidade será contemplada", afirma Fernando Campos Costa, 27 anos, um dos integrantes do comitê organizador. Fernando é estudante de arquitetura e membro do Conselho Livre Metropolitano de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Colmea), um grupo de voluntários que ajuda a planejar a infra-estrutura e a logística do acampamento seguindo conceitos de preservação ambiental, recuperação de tecnologias vernaculares para construção de galpões e cabanas e inclusão social. Acampamento terá sua própria estação de tratamento de água Com a liberação esta semana das primeiras linhas telefônicas para o Acampamento, parte do comitê organizador está instalado em uma cabana no Parque da Harmonia desde o dia 20 de dezembro. Até o final de janeiro, centenas de voluntários, estudantes, professores, profissionais da construção civil, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem- Terra) e do MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados) irão erguer as instalações que darão algum conforto aos milhares de acampados. Na área residencial de 250 hectares, onde podem caber até 15 mil barracas pequenas (para duas pessoas cada), serão instalados 150 banheiros químicos, 15 contêineres com dez chuveiros cada e mais 35 chuveiros na rua. Desta vez a Cidade das Cidades terá sua própria estação de tratamento de água, e desde o momento da inscrição pela Internet (www.juventudefsm.org) os acampados estão sendo orientados, por exemplo, a utilizarem produtos como sabonetes de côco ou glicerina, cujos resíduos são menos poluentes. A coleta vai separar lixo orgânico do lixo seco e, como em 2002, um novo galpão de reciclagem do lixo será instalado, com a participação de moradores de rua e catadores de papéis. Ainda na área residencial, a construção de estruturas cobertas como a Usina de Comunicação (serão alugados 80 computadores), a Praça de Alimentação e a Sala de Leitura tentará recuperar técnicas antigas que utilizam paredes de terrapalha, de bambu, de palha de arroz e mesmo coberturas e pisos vivos como torrões de leiva. Do outro lado da avenida Beira-Rio, há de ser igualmente impressionante a estrutura física para shows, conferências, debates e oficinas na beira do rio Guaíba, numa extensão de dois mil metros que vai do Anfiteatro Pôr-do-Sol até a Usina do Gasômetro. Serão erguidos nas próximas semanas um espaço climatizado com capacidade para 3 mil pessoas (a chamada "Sala 5" do Fórum Social Mundial, que