Como pano de fundo de tudo isso está a pressão da recessão econômica. E da Operação Lava Jato. Ambas, impedindo que Temer consiga estabilidade política
Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro
A reação popular contra o golpe já começou com a revolta dos servidores estaduais e municipais. Dentre eles, a temida força dos policiais sublevados. É um quadro que vai atingindo mais e mais governos estaduais e municipais. O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães (ACM) Neto, foi recentemente expulso de uma solenidade por servidores furiosos.
Como pano de fundo de tudo isso está a pressão da recessão econômica. E da Operação Lava Jato. Ambas impedindo que Temer consiga estabilidade política. A delação de Cunha contra Temer, as liminares contra Moreira, a ação da oposição contra a indicação de Alexandre Moraes para o Supremo. Vemos, ainda, o deslocamento para a oposição de setores das classes médias que tinham apoiado o impeachment e que agora estão contrariados com a reforma da previdência e com a corrupção desenfreada de Temer. A radicalização da conjuntura só vai piorar, depois do carnaval, quando as lutas nacionais vão se unir às lutas estaduais e municipais.
Repactuação
O quadro de desordem pública tende a se ampliar o que fará os segmentos fascistas defenderem a intervenção militar. Um Estado de exceção já se vive no país. Falta apenas as elites econômicas assumirem a ditadura militar para enfrentar a possível e iminente reunificação das traídas e decepcionadas classes médias com as revoltadas classes populares, em torno da exigência de eleições diretas livres e democráticas. Porém, ditadura militar para manter a mesma política de recessão e extinção de direitos, num contexto de isolamento nacional e internacional, seria uma fórmula fadada ao fracasso.
O fundamental é a oposição popular buscar impedir a repactuação das elites econômicas por todas as formas jurídicas e parlamentares. E com as lutas de massas. Ao mesmo tempo, conseguir unificar a maioria da sociedade pela volta da democracia e a eleição direta do presidente.
Seria o primeiro passo de uma nova caminhada.
Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.