E o chão treme sob Temer

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Publicado sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017 as 14:03, por: CdB

Como pano de fundo de tudo isso está a pressão da recessão econômica. E da Operação Lava Jato. Ambas, impedindo que Temer consiga estabilidade política

 

Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro

 

A reação popular contra o golpe já começou com a revolta dos servidores estaduais e municipais. Dentre eles, a temida força dos policiais sublevados. É um quadro que vai atingindo mais e mais governos estaduais e municipais. O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães (ACM) Neto, foi recentemente expulso de uma solenidade por servidores furiosos.

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Como pano de fundo de tudo isso está a pressão da recessão econômica. E da Operação Lava Jato. Ambas impedindo que Temer consiga estabilidade política. A delação de Cunha contra Temer, as liminares contra Moreira, a ação da oposição contra a indicação de Alexandre Moraes para o Supremo. Vemos, ainda, o deslocamento para a oposição de setores das classes médias que tinham apoiado o impeachment e que agora estão contrariados com a reforma da previdência e com a corrupção desenfreada de Temer. A radicalização da conjuntura só vai piorar, depois do carnaval, quando as lutas nacionais vão se unir às lutas estaduais e municipais.

Repactuação

O quadro de desordem pública tende a se ampliar o que fará os segmentos fascistas defenderem a intervenção militar. Um Estado de exceção já se vive no país. Falta apenas as elites econômicas assumirem a ditadura militar para enfrentar a possível e iminente reunificação das traídas e decepcionadas classes médias com as revoltadas classes populares, em torno da exigência de eleições diretas livres e democráticas. Porém, ditadura militar para manter a mesma política de recessão e extinção de direitos, num contexto de isolamento nacional e internacional, seria uma fórmula fadada ao fracasso.

O fundamental é a oposição popular buscar impedir a repactuação das elites econômicas por todas as formas jurídicas e parlamentares. E com as lutas de massas. Ao mesmo tempo, conseguir unificar a maioria da sociedade pela volta da democracia e a eleição direta do presidente.

Seria o primeiro passo de uma nova caminhada.

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.