Rio de Janeiro, 27 de Setembro de 2024

Rui Costa: Bolsonaro não tem sentimento quanto ‘à dor do próximo’

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Quinta, 30 de Dezembro de 2021 às 13:56, por: CdB

Ainda nesta manhã, após a negativa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) ao apoio da Argentina aos flagelados, na Bahia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que pretende convocar o ministro do MRE, Carlos França, para prestar esclarecimento no Senado sobre a recusa do governo federal à ajuda humanitária.

Por Redação - de Salvador
Governador da Bahia, o economista Rui Costa (PT) não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua posição em relação ao drama humanitário que se desenvolve no Estado, devido às enchentes dos últimos dias. A Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec) informou que o número de mortos em função das chuvas chegou a 24, com 37.324 desabrigados, 53.934 de desalojados e um total de 629 mil pessoas atingidas. Mesmo diante do cenário, o presidente não interrompeu suas férias no litoral de Santa Catarina.
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Governador da Bahia, o economista Rui Costa critica a falta de empatia do presidente Jair Bolsonaro, diante a catástrofe climática
— Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo — disse Rui Costa sobre Bolsonaro, em entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP),  nesta quinta-feira. Costa também apontou para a falta de preparo, por parte do governo federal, para lidar com situações como esta. — O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre — acrescentou.

Convocação

Ainda segundo Costa, “nenhum Estado sozinho tem a capacidade de responder a uma demanda dessa”. — Aliás, essa é uma das coisas que falta ser estruturada no Brasil. Outros países do mundo têm uma estrutura regional para o enfrentamento de grandes desastres, nós não. Inclusive começamos a conversar no Consórcio do Nordeste para ter uma aeronave, por exemplo, mais sofisticada de combate a incêndios, de resgate de pessoas — constata o executivo. Ainda nesta manhã, após a negativa do Ministério das Relações Exteriores (MRE) ao apoio da Argentina aos flagelados, na Bahia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que pretende convocar o ministro do MRE, Carlos França, para prestar esclarecimento no Senado sobre a recusa do governo federal à ajuda humanitária. O parlamentar disse, ainda, que também pretende pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que o dinheiro gasto pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua viagem de lazer a Santa Catarina seja devolvido para o enfrentamento da crise.

Desastre

Pré-candidato à Presidência da República, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-RS) também se movimenta diante das mortes e dos estragos provocados pelas chuvas na Bahia. Ele apresentou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um requerimento de convocação da Comissão Representativa do Congresso para tratar do socorro para as áreas atingidas. O governo da Bahia informou, na véspera, que o governo Bolsonaro dispensou uma oferta de ajuda humanitária da Argentina para vítimas das enchentes no sul do Estado. O presidente argentino, Alberto Fernández, ofereceu o envio de uma missão internacional com dez profissionais especializados nas áreas de logística, água, saneamento e apoio psicossocial para vítimas de desastres naturais. Segundo o governador da Bahia, Rui Costa (PT), a ajuda incluía, por exemplo, a oferta de comprimidos que tornam a água potável. Em resposta à Argentina, nesta manhã, o Itamaraty disse que o governo federal enfrenta o desastre "com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários". A recusa gerou repercussão negativa entre a classe política. O ex-governador e pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) chamou o governo Bolsonaro de “criminoso” e lembrou que situação semelhante ocorreu em janeiro deste ano, em meio à escassez de oxigênio hospitalar em Manaus.
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