Presidente do BC reafirma que não sabe quando a taxa juros cairá

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Publicado terça-feira, 25 de abril de 2023 as 14:41, por: CdB

Campos Neto ressaltou, ainda, ser “importante entender que o BC atua de forma autônoma e acumulou antes. E quanto mais cedo você atua, menos custo tem para a sociedade”. O executivo descreveu o cenário financeiro do Brasil com a média dos núcleos de inflação em 7,8% e a taxa Selic em 13,75% ao ano.

Por Redação – de Brasília

Presidente do Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto disse que o movimento de alta de juros aplicado pela autoridade monetária brasileira ocorreu durante o período eleitoral, o que, em sua avaliação, demonstra que critérios técnicos prevalecem em relação a políticos nas decisões do BC.

Presidente do BC, Campos Neto prevê a queda dos juros, ainda este ano
Presidente do BC, Campos Neto prevê nova alta dos juros, ainda este ano

A afirmação, nesta terça-feira, ocorreu durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Segundo ele, “nunca na história deste país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de alta de juros tão grande no período eleitoral, mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir”, explicou.

Campos Neto lembrou que essa movimentação foi iniciada, no Brasil, antes de grande parte dos outros países.

— O Brasil foi um dos primeiros a subir os juros. Fez uma subida muito grande no ano eleitoral, e a gente pode ver a comparação com outros anos eleitorais. Se o Banco Central não tivesse feito esse movimento, a gente teria tido uma inflação de 10%, em vez de 5,8% — argumentou.

Mandato

Campos Neto ressaltou, ainda, ser “importante entender que o BC atua de forma autônoma e acumulou antes. E quanto mais cedo você atua, menos custo tem para a sociedade”. O executivo descreveu o cenário financeiro do Brasil com a média dos núcleos de inflação em 7,8% e a taxa Selic em 13,75% ao ano.

— Olha que curioso: a gente está com o núcleo de inflação (de) 7,8% e com a juros de 13,75%. Na última vez que o juro estava (em) 14,75%, o núcleo de inflação estava mais ou menos o mesmo nível que está hoje. A gente tem uma inflação um pouquinho mais baixa do que quando os juros estavam em 14,25%. O fato de termos atuado antes funcionou — argumentou.

Na avaliação do presidente do BC, as medidas adotadas pela autoridade monetária têm sido aplicadas de forma suave para evitar grandes choques no prazo imediato.

— Um dos parâmetros que está no mandato (no BC) é a suavização. Sim, o BC suaviza. Se eu quisesse combater o choque no período curto, eu teria que ter juros muito altos (posteriormente). A gente não vai fazer isso. Suavizar significa alongar o horizonte para ter uma inflação controlada num horizonte que seja relevante, com o mínimo custo social possível — explicou.

Credibilidade

O presidente do BC, no entanto, coloca que o objetivo é também o de evitar alongar demais esse “horizonte”, uma vez que é necessário, ao governo, manter a credibilidade.

— Quando você alonga demais o horizonte, eventualmente você perde credibilidade, e, se perder a credibilidade, a expectativa de inflação lá na frente sobe e contamina os preços presentes. Aí, depois, o custo é muito mais caro — ponderou.

Segundo Campos Neto, o que possibilita uma queda de juros sustentável é a capacidade de se fazer os juros a curto prazo caírem, e essa curva se perpetuar e propagar.

Crítica

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), usou o Twitter nesta manhã para criticar as explicações dadas pelo presidente do BC ao Senado sobre o patamar da taxa de juros do Brasil.

“Lá vem Campos Neto fazendo política, adora dar entrevistas e fazer palestras, o que não é papel de presidente de Banco Central. Hoje pelo menos foi ao Senado para prestar contas, mas continua falando besteiras. O papel dele é controlar a inflação. São quase dois anos sem atingir a meta, mesmo com juros estratosféricos. Senado precisa tomar providências”, escreveu Gleisi.

A taxa Selic está em 13,75% ao ano desde setembro de 2022. Os juros altos prejudicam diretamente a retomada do crescimento econômico do país.

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