Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) desta semana acendem o alerta para patamares ainda menores nos próximos meses, na pior seca já vivida, no país, em mais de 40 anos.
Por Redação – de Brasília
Os reservatórios de quatro das principais hidrelétricas do país atingiram a marca dos 20%. Duas das usinas com o pior cenário estão no sistema Sudeste/Centro Oeste, e as outras no Sul e no Norte. O volume mais baixo é o da usina de Serra do Facão, localizada entre municípios de Goiás e Minas Gerais. Está em 21,88% –o menor nível desde sua inauguração, em 2010.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) desta semana acendem o alerta para patamares ainda menores nos próximos meses, na pior seca já vivida, no país, em mais de 40 anos. Ainda segundo o ONS, o volume do sistema Sudeste/Centro-Oeste é de pouco mais da metade (56,53%).
Em igual período do ano passado, o nível destes reservatórios estava perto dos 80%. O sistema reúne 70% dos lagos brasileiros e serve de referência para os estudos hidrológicos. Nele, está a usina de Furnas, um termômetro para a situação energética nacional. O nível do reservatório é de 51%.
Incêndios
No geral, os volumes caíram nos sistemas de todas as regiões do país. No Norte, Nordeste e Sul os níveis, apesar de medianos, são os menores desde a crise hídrica de 2021. A comparação é feita de agosto de 2023 até o mesmo mês deste ano.
Primeiro vieram os incêndios que queimaram os campos de cana-de-açúcar e agora, na pior seca em mais de quatro décadas, as plantações de café e soja no Brasil estão com os sinais de alerta ligados.
De maio a agosto, algumas áreas agrícolas importantes enfrentaram o clima mais seco desde 1981, de acordo com o centro de monitoramento de desastres naturais Cemaden.
Chuvas
E o pior: não há alívio à vista. Os meteorologistas não têm previsão de chuva por ao menos mais duas semanas, período em que os cafeeiros geralmente florescem e os agricultores começam a plantar soja. A falta de chuvas apresenta riscos para o fornecimento global de grãos em um mundo que se tornou cada vez mais dependente do Brasil para todo tipo de produto, desde açúcar até café e soja.
As perdas podem aumentar o estresse financeiro dos agricultores brasileiros que já enfrentam a queda acentuada nos preços.
— Esta é uma das piores secas da história do café — constata Regis Ricco, diretor da RR Consultoria Rural, que presta serviços agronômicos a vários produtores nas áreas de maior cultivo do Brasil.
Safra
A seca prolongada em áreas que produzem café arábica, o tipo preferido pela Starbucks, provavelmente danificará os botões antes que as árvores possam florescer para a próxima safra, segundo Ricco. Não houve qualquer chuva significativa nas regiões de arábica desde março, segundo o agrônomo.
A floração é um momento crítico para o café, pois ela se transforma nos frutos que contêm os grãos. Os futuros do arábica já subiram mais de 30% este ano, e as perdas de safra no Brasil podem aumentar a alta.
— Se houver problemas com a floração, haverá perdas, não importa o que aconteça com o clima mais tarde — resumiu, por sua vez, o analista da StoneX, Fernando Maximiliano.